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Foto do escritorAriel Alfonso

Empreendedorismo e Indústria 4.0 – união que pode estar deixando a visão de catástrofe para trás

A atividade econômica e o consumo continuam sendo vistos como os grandes vilões na questão ambiental e principalmente, no que se refere à escassez de recursos naturais considerados finitos. Esse cenário tem levado muitos grupos de ativistas e pesquisadores a declararem que estamos em contagem regressiva para uma catástrofe.

Esses grupos não estão totalmente errados. De fato, se nada estivesse sendo feito, possivelmente haveria sim uma catástrofe.

Mas será que estamos mesmo inertes e numa contagem regressiva para uma tragédia, ou estamos num movimento contrário a tudo isso?

Para responder essa questão é preciso, em primeiro lugar, eliminar as “paixões” que esse tema suscita, e também, entender melhor as linhas de pensamentos dominantes.

Uma linha de pensamento, da qual participam grupos que acreditam que estamos na iminência de uma catástrofe, defende que a forma de evitarmos a tragédia é adotarmos o “MENOS” nos negócios e em nossas vidas. Esses grupos são seguidores do movimento Degrowth,* da década de 70. Esse movimento, podendo ser traduzido como “decrescimento”, defende a necessidade de se impor limites ao crescimento.

*(para conhecer mais sobre esse assunto clique em The Limits to Growth. do MIT de 1972)

A empresa Patagônia, por exemplo, cujo fundador é Yvon Chouinard, possui práticas de negócios próximas a essa visão. A empresa adota o crescimento com limites, visando amenizar os efeitos da atividade econômica sobre os recursos naturais.

Mas há algumas questões sobre essa ideia de decrescimento que precisam ser respondidas.

1) Será que o decrescimento é razoável economicamente e socialmente?

2) Será que milhões de pessoas que saíram da pobreza estariam dispostas a adotar o “MENOS”, logo agora que podem consumir mais?

3) O mundo estaria disposto a ter uma retração econômica, já que todos os atores envolvidos teriam que adotar a prática “MENOS” nos negócios?

No entanto, a pergunta mais importante é se essa ideia de decrescimento, da década de 70, é válida para a nossa sociedade hoje?

Provavelmente a resposta é não, pois muita coisa vem mudando de lá para cá. Estamos passando por uma grande revolução.

No livro “More from Less”, Andrew McAfee trata de uma megatendência – a desmaterialização da nossa economia. As evidências mostram que, felizmente, estamos aprendendo a prosperar usando cada vez menos os recursos, inclusive os recursos naturais.

O autor, com base em estudos e documentos, demonstra como nos EUA, por exemplo, que representa quase 25% da economia global, vem se poluindo cada vez menos e utilizando-se menos recursos, ano após ano, mesmo com o crescimento da economia e da população. E isso também vem acontecendo em outros países.

Para o autor, esse novo cenário deverá mudar o pensamento das lideranças mundiais daqui para frente, pois tudo indica que estamos diante de uma mudança de paradigma – mais produção com menos recursos, ou seja, MAIS COM MENOS.

O autor deixa claro que seu argumento não é o de que as coisas estão bem, ou ainda que nada precise ser feito, pelo contrário, é preciso continuar tomando decisões que diminuam os graves problemas ambientais e da sociedade.


No entanto, as conclusões desse estudo nos levam a acreditar que o trade-off entre prosperidade e natureza está deixando de existir em várias partes do mundo

e isso nos leva a outro patamar de pensamento e decisões.


A minha experiência como mentora em negócios para startups, também tem me levado a essa conclusão. Tenho percebido o quanto a Indústria 4.0, conhecida como a Quarta Revolução Industrial, e a evolução de suas tecnologias pilares como big data, internet das coisas (IoT), inteligência artificial, associadas ao empreendedorismo e às startups têm buscado solucionar os grandes desafios da nossa sociedade provocando verdadeiras revoluções no que se refere a eficiência na utilização dos recursos naturais, produtividade e bem estar.

Estamos rumo à Sociedade 5.0, um modelo de organização social no qual

tecnologias da Indústria 4.0 são usadas para criar soluções com foco

nas necessidades humanas e resolução de problemas ambientais e sociais.

O Japão vem sendo protagonista desse modelo Sociedade 5.0.

Por fim, estamos falando de empreendedorismo com propósito e responsabilidade sobre impactos decorrentes dos negócios, mas acima de tudo, estamos falando de uma grande revolução protagonizada pela união do empreendedorismo com as tecnologias da Indústria 4.0, que nos leva a um novo capitalismo, que busca também, melhorar as nossas vidas e ajudar o planeta.

Sobre a autora:

Simone Basile

Empreendedora e Mentora em Negócios.

Head da INTERACTTI – Rede de Empreendedorismo e Negócios. Idealizadora do conceito Negócios Transformadores. PhD em Ciências pela USP.

Artigo publicado originalmente na revista da Câmara Portuguesa, edição 1135

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